Curso de Audiovisual dá nova perspectiva a jovens

Uma idéia, um roteiro e muita pesquisa. Alguns dos passos para concretizar o sonho de realizar um documentário, videoclipe ou filme de ficção estão sendo aprendidos por jovens de diversos bairros carentes de Cuiabá no curso de Audiovisual oferecido pela Cufa-MT (Central Única das Favelas de Mato Grosso) como parte da programação do 3º Festival Consciência Hip Hop.A primeira aula, de Introdução ao Audiovisual, aconteceu na manhã desta quinta-feira (30), no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc). Como palestrantes, os integrantes do projeto Cufa-Audiovisual do Rio de Janeiro, Carlos Barros, o Saci, e Thiago Conceição.Concentrado na favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, o Núcleo de Audiovisual da Cufa tem levado aos jovens carentes uma nova perspectiva artística e profissional, a do cinema. E formado cada vez mais profissionais com prática no ramo de audiovisual.Saci, por exemplo, já atuou em diversas produções da TV e do cinema, entre elas o programa "Minha Periferia", dirigido por Regina Casé e exibido durante o Fantástico. Já Thiago é um dos integrantes da equipe do ator Lázaro Ramos, um dos parceiros da Cufa no Rio de Janeiro. "Muitas vezes acordo de manhã cedo, no domingo, com aquele calor e a praia do Rio, e vou trabalhar. Perdemos algumas coisas, mas ganhamos outras: aprendemos a operar equipamentos, adquirimos experiência com audiovisual", explicou Thiago aos jovens que compareceram hoje ao curso.A paixão pelo cinema fez Saci largar o emprego para ingressar no curso de audiovisual da Cufa. "Você tem que ir atrás, perseverar. No final do filme, quando passam os caracteres, seu nome está lá. Com isso, vai-se construindo um portfólio. Hoje sou feliz com o que eu faço", disse ele, dirigindo-se aos jovens.Além das questões técnicas referentes ao cinema, no curso também será repassada aos alunos um pouco da história do cinema, com exibição de clássicos brasileiros como Xica da Silva, Pixote e Terra em Transe. Durante todo o curso, que segue até o dia 8 de setembro, os participantes aprenderão um pouco mais sobre as técnicas de produção de vídeo-clipes, documentários efilmes de ficção, tudo acompanhado da exibição de filmes produzidos pelo núcleo de Audiovisual da Cufa-RJ.Para praticar o que aprenderam, os alunos farão um documentário sobre o 3º Festival Consciência Hip Hop, cuja programação inclui palestras, debates e shows gratuitos. A perspectiva de tornar-se uma videomaker animou a estudante Marielly Fernanda Gauna, de 15 anos. Moradora do bairro Jardim Vitória, em Cuiabá, ela integra a unidade da Cufa-MT no bairro e já sonha."Quero trabalhar com audiovisual. Fiz questão de estar aqui hoje porque sei que é importante. Mas isso não é fácil, terei que batalhar, correr atrás, mas quero aprender de tudo um pouco", comentou.Realizado pela Central Única das Favelas de Mato Grosso (Cufa-MT), o festival reúne arte, cultura, política e entretenimento, com atividades divididas em: Turismo, Filme, Seminário, Esporte, Batalha e Festival, além de uma Feira Urbana. O evento conta também com as prévias. A última delas acontece no próximo domingo (2), em Sinop.

*Consciência Turismo*
Nos dias 4, 5 e 6, o *Consciência Turismo* levará estudantes secundaristas por uma viagem pelos principais trabalhos de graffiti expostos em Cuiabá, uma oportunidade de desvendar trabalhos artísticos e romper preconceitos. O roteiro começa no Núcleo Social Cufa, no bairro Jardim Vitória, onde os estudantes conhecerão o trabalho de inclusão digital realizado pela Cufa-MTno bairro. De lá, seguem para o bairro Alvorada, onde visitarão muros graffitados. A viagem termina na Praça da República, onde os estudantes farão workshops de break, graffiti e DJ.

*Consciência Filme*
Também nos dias 4, 5 e 6, no *Consciência Filme, *serão exibidos vídeos-clipes, curtas e longas metragens em escolas de Cuiabá e Várzea Grande e no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (MISC). A programação acontece no período matutino e noturno e a entrada é gratuita. No roteiro, os filmes "Mina de Fé", "O Jeito Brasileiro de ser Português", "O Omelete" e "Neguinho e Kika", produzidos pelo grupo Nós do Morro, organização carioca do Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro.

*Consciência Seminário*
Nos dias 7 e 8, haverá o *Consciência Seminário*, espaço de palestras e debates sobre temas como a produção cultural e independente, as leis de incentivo à cultura e as relações entre o Hip Hop e o poder público, entre outros. O secretário adjunto de Cultura do Distrito Federal, Beto Sales, é presença confirmada. Também comporão as mesas o secretário municipal deCultura, Mário Olímpio, o secretário estadual de Cultura, João Carlos Vicente Ferreira, o coordenador do Misc, Paulo Traven e o produtor cultural Pablo Capilé, do Espaço Cubo, além de representantes da CUFA de vários estados. Os debates acontecem no Clube Feminino, no Centro Histórico de Cuiabá. Ao final, as demandas serão sistematizadas e serão sugeridas políticas públicas para o setor.*Consciência Esporte*Para os fãs de basquete de rua e de skate, a programação estará no *Consciência Esporte*, também nos dias 7 e 8. A programação acontece à partir das 20 horas, na Praça Tradições Culturais, no bairro do Porto.

*Consciência Batalha*
Na mesma data, um palco alternativo na praça receberá o *Consciência Batalha *, onde MC's, DJ's, B. Boys e B. Girls de vários estados vão demonstrar suas habilidades artísticas, numa 'luta' pacífica.

*Feira Urbana*
Nos dias 7 e 8, o *Consciência Feira Urbana *vai aproximar artistas do cenário hip hop e seus fãs. Na feira, o público poderá comprar, direto com os músicos e a preços mais acessíveis, CDs, camisetas e outros produtos. No local também será feito trança afro.

*Shows gratuitos*
O grupo de rap africano Sevenlox será uma das atrações dos shows do Festival, que acontecem também na praça Tradições Culturais, à partir das 20 horas. O Sevenlox tocará no dia 7 e, no dia 8, será a vez do d*a banda SNJ-*Somos nós da Justiça, de São Paulo. Os shows contarão ainda com a participação de 40 grupos de rap de Goiás, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. A entrada é gratuita.




*Festival surgiu em 2005*
O Festival Consciência Hip Hop surgiu em 2005 com o objetivo de descentralizar e fomentar a arte crítica. Essa cultura é considerada hoje um dos instrumentos mais úteis de inclusão social no mundo. Promove a construção do conhecimento crítico através das manifestações artísticas dos jovens oprimidos, por meio do Graffiti (artes plásticas), MC (Música), DJ (Música), Break (dança) e Basquete de rua (Esporte).

No seu terceiro ano consecutivo, o festival já é considerado o maior evento da cultura Hip Hop da região Centro-Oeste. Mais informações: 3023 6026.

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